“Correr, caminhar e resistir contra a fome, o racismo e pela justiça climática” foi o lema da corrida-caminhada promovida pelo Comitê A Parada é a Fome – Bahia, que integra a rede nacional da Ação da Cidadania contra a Fome. A atividade aconteceu no dia 1º de junho, no Dique do Tororó, em Salvador, e reuniu organizações sociais, coletivos e moradores de diversos bairros da capital.
Entre os copromotores do evento estiveram os Agentes de Pastoral Negros (APNs), Instituto Hori, Observatório Popular da Cultura Alimentar, Coletivo Resistência Preta, Instituto Kemet, Fundação Cultural Ajagunã, Agência de Notícias das Favelas, Instituto Social Espaço Negro, Associação de Mulheres Negras do Quilombo Engenho da Ponte, Núcleo de Mulheres Afrodescendentes de Cajazeiras, Terreiro do Cobre, Sindicato dos Vigilantes da Bahia, Sindicato dos Trabalhadores em Saúde da Rede Privada, Banquetaço Bahia, Coletiva de Mulheres Negras Abayomi, entre outras entidades.
Mobilização por direitos e políticas públicas
Segundo os organizadores, o objetivo principal foi chamar a atenção para as violações de direitos sociais e a urgência de políticas públicas de segurança alimentar, igualdade racial e justiça climática.
“Sabemos que a fome e os efeitos da crise climática atingem com mais força as populações periféricas, excluídas e alvo do racismo. Precisamos colocar esse debate na ordem do dia da sociedade brasileira”, afirmou Edgar Moura, do comitê baiano da Ação da Cidadania.


A atividade contou com mais de 200 inscritos nas modalidades de corrida e caminhada, vindos de diferentes bairros e coletivos de corrida da cidade. A inscrição custava R$ 20 (R$ 10 para idosos), além da doação de 2 kg de alimentos não perecíveis.
Solidariedade na prática
Ao todo, foram arrecadados 248 kg de alimentos, que serão destinados à Associação de Mulheres Negras do Quilombo Engenho da Ponte (Cachoeira – Recôncavo Baiano), à Cozinha Comunitária Maria Felipa (Engenho Velho da Federação – Salvador) e à Associação de Ambulantes e Trabalhadores Informais (ABATI).
O comitê realiza campanhas regulares de arrecadação, priorizando comunidades em situação de maior vulnerabilidade social, insegurança alimentar ou afetadas por calamidades públicas.
Roda de conversa será remarcada
Devido às fortes chuvas no dia do evento, a roda de conversa com o tema “Justiça Climática, Racismo, Saúde e Meio Ambiente”, prevista para ocorrer após a corrida, foi adiada. A nova data, horário e local serão divulgados nas redes sociais do comitê (@aparadaefome_bahia) e na imprensa.
A entrega das medalhas para os inscritos que participaram da corrida e realizaram as doações será feita durante a roda de conversa, mediante apresentação do comprovante de pagamento.
Uma verdadeira prova de resistência
Embora a chuva tenha impactado o número de participantes presentes, o espírito de resistência prevaleceu. Para o professor Antônio Nery Filho, de 80 anos, que participou da caminhada:
“Mais do que uma prova de resistência física, foi uma demonstração de resiliência, força política e união.”
Segundo os organizadores, em um contexto de profunda desigualdade social, insegurança alimentar, racismo estrutural e agravamento das mudanças climáticas, o evento foi uma ação concreta, territorial e mobilizadora:
“Foi um gesto de resistência viva que une comunidades, coletivos e cidadãos em torno de um futuro mais justo e solidário.”
A iniciativa reafirmou o papel do esporte como ferramenta de consciência, inclusão e transformação social, articulando diferentes frentes de luta no território.
Mara da Ponte, da Associação de Mulheres Negras do Quilombo Engenho da Ponte, avaliou positivamente a ação:
“Gratidão a todos que abraçaram essa causa e entenderam o chamado formativo e solidário do comitê, vestindo a camisa do desafio de combater o racismo e as desigualdades sociais.”